Dr. Hiran Gonçalves articula ações para amenizar sofrimento de povos indígenas em Roraima

Dr. Hiran Gonçalves articula ações para amenizar sofrimento de povos indígenas em Roraima

Parlamentar explicou atuação diante da situação durante entrevista ao jornal Jovem Pan News

 

Em entrevista para o Jornal Jovem Pan News nesta quinta-feira (26), o deputado federal e senador eleito Hiran Gonçalves (PP-RR) explicou aos apresentadores Thiago Uberreich e Adriana Reid a articulação política feita junto ao Governo Federal para socorrer indígenas que vivem na comunidade Yanomami em Roraima – a maior reserva indígena do país. De acordo com informações do Ministério da Saúde, muitos adultos foram resgatados com quadros de desnutrição severa e malária e aos menos oito crianças em estado grave foram encaminhadas para Boa Vista.

Um dos principais pontos abordados por Hiran Gonçalves durante a entrevista são as consequências do garimpo ilegal na região, que acarretam mazelas como a destruição da fauna e flora, o desvio e a contaminação de rios e, consequentemente, dos peixes, que são a principal fonte de alimentação dos indígenas. Outra preocupação é a disseminação de doenças, como a malária, que acomete cada vez mais adultos e crianças. Doenças como o sarampo, até então erradicado no Brasil, foram detectadas em povos indígenas em 2018 e o aumento de casos levou as autoridades a declarar estado de surto na região.

Como presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) no final da década de 1980, Dr. Hiran era responsável pela Saúde Indígena e promoveu a instalação do primeiro Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) em território Yanomami. Anos depois, o Distrito foi construído em outras regiões de Roraima e, inclusive, em outros estados do país.

Hoje, a Terra Indígena Yanomami possui mais de nove milhões de hectares e está localizada entre o Brasil e a Venezuela. Estima-se que mais de 30 mil pessoas vivam na região. “Estamos falando de um território pouco maior que Portugal, com floresta densa e contínua. A população é semi-nômade, tem muita gente trabalhando lá, mas nem todos vivem na reserva”, explica.

O Dr. Hiran diz acreditar que nos próximos dias, o Governo Federal realizará ações estratégicas para a retirada dos garimpeiros ilegais das reservas indígenas.

PROBLEMA DE DÉCADAS

O assunto ganhou força na última semana após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Roraima, para conferir a situação de crianças, adultos e idosos em situação de desnutrição e abandono. “Estamos discutindo com o Governo Federal para construir uma estratégia de atenção em parceria com o Estado e os municípios. Já temos médicos lá e está sendo instalado o Hospital de Campanha na Casai [Casa de Saúde do Índio]”, disse.

Relatos de violação dos direitos dos Povos Yanomami foram objetos de estudos e publicações por pesquisadores e veículos de comunicação brasileiros e internacionais. Desde 1980, o extrativismo mineral, comumente conhecido como garimpagem, ameaça a vida dos indígenas da maior reserva do país e, mesmo com a tentativa de expulsão por parte do Governo Federal, a atividade nunca foi erradicada.

Considerada ilegal em Terras Indígenas, a mineração recebeu apoio de ex-políticos como o ex-senador Romero Jucá, que em 1996 apresentou um projeto de lei para regulamentar a atividade no país. A tribuna do Senado foi palco de inúmeros discursos do ex-parlamentar, que cobrava a aprovação de tal regulamentação no Congresso. De acordo com Jucá, a atividade seria fiscalizada por órgãos do Governo Federal e os recursos seriam compartilhados com os indígenas. No entanto, o projeto não chegou a ser votado.